Verdade seja dita. Os empresários da noite, dos bares e discotecas têm sempre um olho excelente no que diz respeito à contratação das suas empregadas. Não interessa onde vamos, são sempre desejáveis, apetecíveis e… inalcançáveis. As empregadas dos bares e discotecas, ao contrário das outras mulheres presentes (que se encontram ali para se divertirem e, nalguns casos, já com algum álcool no sangue e mais desinibidas) estão muito lúcidas. Elas encontram-se em serviço e desejam que chegue o fim do turno para poderem descansar e seguir as suas vidas. Outra desvantagem das meninas da noite é o facto de serem populares apenas graças ao seu trabalho. São constantemente assediadas e, logo, são praticamente inatingíveis. Virtualmente, porque basta uma pessoa ter um comportamento diferente do típico para poder aspirar a ter uma real hipótese de conquistar aquela estrela cobiçada por todos.
Primeiro, é necessário ser-se um cliente regular. É necessário que sejamos vistos e reconhecidos. Em 1968 , foram realizadas uma série de experiências para averiguar o impacto da exposição repetida nas pessoas. Os investigadores usavam palavras e símbolos desconhecidos e pediam aos sujeitos para identificarem se estes representavam algo de bom ou de mau. O que os investigadores descobriram foi espantoso. À medida que as pessoas eram sujeitas à exposição dos símbolos ou palavras, a sua percepção das mesmas tendia a melhorar com o tempo. Só assim se explica por que razão os ditadores vão ficando tanto tempo no poder. Preferimos um mau que conhecemos a que um potencial desconhecido.
Essa mecânica é usada em extremo pelas agências publicitárias na gestão de marcas. Ao fim de algum tempo a olhar para o mesmo logotipo, a ouvir a mesma expressão, passamos a ter uma certa simpatia pela marca. Sentimos isso quando estamos de viagem e, no regresso, vemos lugares familiares. No dia-a-dia, não são dignos de relevos, mas, no regresso de uma viagem cansativa, fazemos aquele pequeno sorriso de “Enfim… Estamos em casa!”. É esse o resultado pretendido, ser relembrado no bom sentido. E tal consegue-se de uma forma tão simples, chegar a um lugar e teres aquele sorriso de… reconhecimento. Atingido este ponto, podemos começar com o segundo passo – estabelecer a comunicação. Perguntar pelo nome, sempre com um sorriso, mas demonstrar que não estamos com segundas intenções. Ou então fazer uma observação e depois o pedido, sempre com um sorriso genuíno e nunca tentar monopolizar a atenção dela. Os outros homens farão exactamente isso, feitos mosquitos, à volta dela, sempre! Queremos ser aquele que “Ainda bem que ele está ali. Este fulano aqui está a começar a esticar-se muito e não estou a gostar nada. Ainda bem que ele está ali para este chato não ter lata para avançar”.
Com o tempo, vai-se criando uma relação em que ela até se senta à sua mesa e conversa consigo, mesmo para evitar os outros fulanos que vão tentar a sua sorte. Ela vai sentir-se segura consigo e poderá obter mais informações sobre ela como, por exemplo, onde costuma estar quando não está a trabalhar e, a partir daí, podem combinar outras actividades. Um bom ponto de partida é o jantar. Algo que ela sabe que é seguro já que, depois, tem que vir trabalhar e, como tal, o encontro é inofensivo. Quando atinge o ponto de diálogo, o pior obstáculo foi ultrapassado, bastando escalar pouco a pouco. Até aqui, ela via apenas um cliente simpático, mas apenas um cliente. Depois deste ponto, é algo mais. É alguém com quem ela pode pensar em socializar.
Último ponto. Quando se é bem sucedido, há que saber ficar calado e não divulgar aos sete ventos o sucesso. Isso por dois motivos. Primeiro, é o emprego dela que está em jogo. Ao saber-se da sua aventura, ela pode ficar numa posição má, perder o emprego e nesse meio, pequeno, seria muito grave. No mundo da noite, as pessoas conhecem-se umas às outras. Notícias como “Fulana tal é libertina e foi despedida por tal” farão com que nenhum empregador a contrata de novo. Mesmo que isso não aconteça, existe um segundo motivo para se ficar calado. Ela pode não gostar de ficar com má fama e, como é um meio pequeno, terá oportunidade de alertar as colegas para a sua falta de discrição.