Quando se pretende levar uma mulher a sair, qual será a diferença entre ser um emplastro, um chato, uma lapa que não desempara a loja, e ser persistente? Quando convidamos uma mulher para sair, para tomar um café, para jantar, ir ao cinema ou a um concerto, apesar de todos os motivos que possamos ter, tudo se resume a duas opções: ou a convidamos para sair porque queremos estar principalmente com ela e o evento é apenas um pretexto para isso, ou, então, queremos genuinamente sair, assistir ao evento e, como bónus, ter a companhia dessa pessoa. A diferença entre ser um emplastro ou ser persistente reside nesse pequeno detalhe. Vamos convidar a pessoa porque queremos estar com ela e qualquer desculpa serve ou queremos viver a vida e, se for na companhia dela, melhor? Vamos aprofundar esta diferença de conceitos.

Imaginemos que a convidamos para ir ao cinema para ver, por exemplo, o Avatar . Ela poderá dizer que sim, que seria giro, mas fica por ai. Começamos a insistir e a persegui-la. Ela nega-se. Poderá dizer que não tem tempo ou que tem outros compromissos ou alguma desculpa do género. Ai começamos com outras abordagens. Perguntamos o que ela quer ver ou fazer: outros filmes, outros eventos, qualquer coisa. Qualquer pessoa de fora consegue ver que só vamos sair com ela, e só quando ela sair. Mostramos que a nossa vida gira em torno dela. Demonstramos que somos dependentes dela e, por muito que tentemos disfarçar, ela sente isso. Sente que não fazemos nada por causa dela e isso demostra que não somos seguros nem autoconfiantes e, portanto, não dignos da sua presença.

Por outro lado, ser persistente é o oposto. É convidar e ir mesmo que ela diga não. Convidamo-la para ir ver o Avatar, ela esquiva-se e nós vamos. Vamos e depois voltamos para lhe contar o filme que ela perdeu. Contamos os efeitos especiais, o facto de já não se conseguir distinguir a realidade da ficção. Contamos como a história é interessante e soa a algo que já aconteceu na história da humanidade. Vamos ao cinema sem ela, mas levamos outras pessoas, de preferência do sexo feminino. Contamos como a Joana deixou cair o balde de pipocas no chão ou como a Teresa levou com um banho de refrigerante à saída porque um miúdo estava distraído e se virou sem avisar. Depois, dando o respectivo espaço, voltamos a convidar. Outro filme ou outro evento, como por exemplo a descida de um rio. Se ela se negar, não faz mal. Vamos na mesma. De preferência com um grupo de amigos constituído tanto de homens como mulheres, e fartamo-nos de tirar fotos do pessoal com ar de felicidade, de quem passou um bom momento com amigos, porque, no fim, é o que conta. A vida não é o número de inspirações ou expirações efectuadas, mas sim o número de vezes que ficamos sem fôlego. Se ela for amiga nas redes sociais, podemos publicar essas fotos. Pela natureza das redes sociais, ela, mais cedo ou mais tarde irá ver. Falamos do evento, de como foi giro, de como se passou um bom momento e o grupo se divertiu. Contamos como a Inês foi ao banho e o João ia partindo o pé. Outra vez, convidamo-la para fazer outra coisa, como por exemplo ir ao Zoo ou à Feira Popular. Ela poderá sentir-se incomodada por tantos pedidos, mas não sentirá que o nosso mundo gira em volta dela e, como tal, não vamos parecer um emplastro. Criamos uma imagem de uma pessoa que segue a sua vida e não deixa de fazer coisas por causa dela. Continuamos a convidar, podemos pedir para ela trazer amigas. Se se continuar a negar, não ficamos magoados nem levamos a peito. Continuamos a sair, continuamos a falar sobre as nossas actividades, mas deixamos de a convidar. Nesse ponto, duas possibilidades surgem em cima da mesa: ela sente que estamos a distanciar-nos e, sentido isso como uma chamada de atenção, muda e pede para ir também, ou continua sem dar sinal de mudança. Nesse segundo cenário, temos a certeza que ela nada quer e seguimos em frente porque, nesse ponto, a probabilidade de outras mulheres terem reparado em nós é alta.